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mar/21
Carta aberta à população do Estado do Rio Grande do Sul e aos poderes públicos
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Tempos de exceção exigem medidas de exceção. Essa é uma frase bastante
conhecida e que precisa receber uma nova roupagem, precisa ser relembrada no atual
momento porque temos a sensação de que o real cenário ainda não atingiu a linha da
compreensão e, principalmente, da ação. Mesmo que já tenhamos ultrapassado 12 meses
dessa forma. Ultrapassamos, também, todos os limites. Essa é uma súplica para evitar que
toda a sociedade gaúcha continue pagando esse preço.
Nós, hoteleiros e restauranteiros gaúchos, estamos tomando, todos os dias, medidas
de exceção. Com tristeza e extremo desconforto, estamos demitindo funcionários. Estamos
contraindo dívidas para quitar outras dívidas. Endividamento bancário, tributário, com
fornecedores e serviços, e, também, com serviços públicos. Todas as reservas já se foram.
Estamos vendendo hoje para pagar amanhã. Estamos atendendo o público em um horário
de funcionamento totalmente restrito, o que gera um faturamento ínfimo, sequer cobre os
custos dessa abertura mínima. Tomamos medidas extremas diariamente quando só
queríamos trabalhar e receber algum tipo de suporte efetivo de quem deveria ajudar.
Evidente que a pandemia atingiu de forma dura todas as atividades econômicas,
mas não se trata de uma competição e, sim, de senso de realidade. Basta ver que o nosso
turismo parou. Estagnação total. Pessoas não passam pelas cidades e não se hospedam
nos hotéis; moradores não circulam pela cidade e não frequentam seus restaurantes e
bares favoritos. Estamos presos e sem perspectiva, enquanto um ou outro segmento ainda
consegue seguir em frente.
Por isso, convidamos para uma reflexão: se estão sendo feitas as ações de restrição
para conter a disseminação do vírus, onde estão as medidas de exceção? Onde estão os
bancos e as suas medidas de exceção? Flexibilidade? Financiamentos? Onde estão as
medidas de exceção para o primeiro setor a apresentar um estudo de protocolos seguros
para abrir as portas e que garante até hoje ambientes seguros? Por que não conciliar um
horário de funcionamento flexível, enquanto festas clandestinas e outros tipos de
aglomeração acontecem indiscriminadamente e sem fiscalização?
A solução precisa vir a partir de um retorno equilibrado das operações, com mais
flexibilidade. Nosso compromisso é trabalhar com responsabilidade, como temos feito até
então, com protocolos seguros para a segurança de todos. Por isso, pedimos, em linhas
gerais, que a abertura dos estabelecimentos possa ocorrer de forma ampliada, até às 22h, e
também aos fins de semana. Pedimos que espaços públicos e pontos turísticos voltem a
receber população local, visitantes e turistas, garantindo condições seguras, circulação
controlada e medidas sanitárias cabíveis. Pedimos, também, maior fiscalização e punição a
ações de total descontrole em todo o RS, como festas e demais eventos clandestinos,
transportes coletivos públicos lotados, dentre outras situações de alto contágio do vírus.
Não estamos sendo tratados com o sensor de alerta que este momento merece. Não
há o entendimento real, por parte dos poderes públicos, de que se não agirmos
rapidamente, logo será tarde demais. Não há mais fôlego e teremos uma situação
econômica geral do Rio Grande do Sul totalmente degradante. Isso custará caro, e não
apenas para empresários e empresárias gaúchas. Custará caro às famílias de
desempregados. Custará caro ao Estado e sua realidade fiscal já prejudicada.
Estamos falando de mais de 25 mil empresas de alimentação e hospedagem, que
geram mais de 220 mil empregos diretos e que garantem o sustento de cerca de 880 mil
pessoas. São setores que há muito, desde 2016 mais precisamente, já amargavam uma
crise econômica aliada a altos custos. Não pensem que este é mais um relato sobre
dificuldades. Sobre lamento. É um manifesto em alto e bom som de indignação. E de total
esgotamento do setor.
É urgente que possamos abrir as portas em período maior, que tenhamos linhas de
financiamento verdadeiras, efetivas, estruturantes, desburocratizadas, REAIS. Estamos
sobrevivendo com migalhas. Migalhas no campo financeiro. Migalhas no campo
operacional. E sobreviver é um nível muito abaixo de viver.
Chegamos ao fundo desse poço e não admitiremos que a única saída sejam
medidas paliativas e superficiais. Não é justo com a gastronomia e a hotelaria gaúcha. Não
é justo com o Rio Grande do Sul. Não é justo com o nosso turismo. Não falaremos mais que
estamos à beira de um colapso, pois o colapso já chegou. Reiteramos: nos deem condições
financeiras de trabalhar. Nos deixem trabalhar, nos deixem abrir as portas. A herança dessa
inércia será um Estado fantasma e falido. Seremos os últimos a sentir qualquer retomada
na prática, quando turistas e população local começarem a se sentir minimamente
confortáveis. Até lá, precisamos de ações estruturantes, reais e urgentes.
Assinam essa manifestação:
Ademir Luiz Zarbielli
Presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Erechim
Carlos Henrique Schmidt
Presidente do Sindicato dos Hotéis de Porto Alegre - Shpoa
Eduardo Campos Hallal
Presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Pelotas
Geovani Henrique Bamberg Gisler
Presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Santo Ângelo
Henry Starosta Chmelnitsky
Presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região - Sindha
Ivone Ferraz
Presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Osório
João Carlos Provensi
Presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Santa Maria
Rodrigo Mainardi
Presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Uruguaiana
Leo Starhan Duro
Presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Passo Fundo
Mauro Salles
Presidente do Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares e Similares da Região das Hortênsias - Sindtur
Rodrigo Magalhães Bellora
Presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Garibaldi
Tomás Juchem
Presidente de Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares de Novo
Hamburgo – SindGastrHô
Vicente Perini Filho
Presidente do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho – Segh
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